segunda-feira, 1 de outubro de 2012

253# Ad Vindictam: Ele - 3#




Ele

Há mais de dois dias que reconhecia algo estranho no teu rosto. A rispidez que dele saltava era tanta que não tardaria a mostrar as garras. Felizmente, sentia-me pronto. Pronto porque o sexo de uma gata quente é melhor do que o sexo com uma mãe de três filhos, meramente necessitada. Não penses também que não adivinhei cada expressão do teu rosto, conheço-te melhor do que ninguém. Leio a tua mente mesmo antes de pensares em mim. Isto, por saber que estou sempre lá.

Fitei novamente o telemóvel: Está feito. Só dizia isto, mas era mais do que suficiente.

Desci a rua que ficava depois do restaurante. Num passo acelerado, encaminhei-me para a praça de táxis e lá, apanhei um. Mostrei a morada ao motorista a partir do telemóvel e recostei-me no banco, tal como fiz na cadeira.

Para onde vou? Para o lugar onde as pessoas nascem. Quanto tempo levarei até voltar a ver-te? Não muito. Se sentirei saudades? Não, terei outra a ocupar o teu lugar. O que és para mim? Um corpo para aliviar a tensão e a tesão. Se já foste mais? Já, muito mais do que podia esperar. Contudo, nessa altura amava-te, porque cria que não me traías. Ao entender o contrário, tempos depois, compreendi também que deixar-te era uma opção demasiado simples. Eu precisava de mais, de fazer muito mais.

O carro parou, olhei pela janela; estava no lugar certo.

Paguei e saí.

É agora – pensei.

Cada passo dados, cada andar percorrido pelo elevador era um sentido de alegria. Tirei o casaco, aquecia-me o corpo em demasia e apertei-o severamente contra o corpo. O tlim que avisava que havia chegado ao andar pretendido, apanhou-me de surpresa, deixando-me mais atarantado do que já estava.

Ouvia, ao longe um choro, de alguma forma, sabia que era para mim. Era o meu chamamento.

Percorri um longo corredor e parei em frente a uma porta, abri-a, como abro a porta do teu quarto quando me esperas para dormir. Mas não com o mesmo coração acelerado. Ali, querida, ali tinha o que não me davas: um filho.

Atirei o casaco para o chão, sorri com os lábios bem largos e alcancei a mulher que via com passos largos. Beijei-lhe a face e senti-lhe o cheiro do cabelo. Toquei ainda na pele daquela nova vida… Ai! Tinha os meus olhos, o meu sexo e carregava a minha paixão de ser pai.

Sim, querida, naquele momento, a minha ideia de vingança estava mais do que completa.

Boas Leituras, Nameless

1 comentário:

  1. Hello!
    Gosto mais desta parte do que da anterior. Okay, ainda há muito pouco para poder dar uma opinião concreta, contudo parece-me que escrever de um modo diferente,cativante.
    Beijos, Alyra*

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"Posso não concordar com uma só palavra tua, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lá."__ Voltaire