sábado, 8 de dezembro de 2012

338# A NamelessGirl: Quanto a quem sou... - 25#



Possuo uma história. Com partes que nunca contarei, com segredos que poderei revelar, com ideiologias que deixo morrer ou crescer, até se confirmarem.
Conheço-me bem, sei por onde andei, o que me marcou, o que foi e ainda é importante. Marco os meus amigos e desmarco aqueles que, por livre vontade, me fogem pelos dedos.
Sei o porquê de gostar das coisas e de me perder naquilo que aprecio.
Estou marcada, como escrevi numa história: É egoísta da minha parte dizê-lo. Confesso que sim, porém, sejamos sinceros: nós marcamos pessoas e ela foi marcada por mim... 
Eu  estou marcada por muita gente. Desde aquelas que se sentam ao meu lado no autocarro e contam a sua vida, para desabafar, àquelas que me param na rua para fazer um elogio e àquelas que já me pararam, para dizer que era feia. Estou marcada por ti, que me lês e pelos que não me leem nem sabem da minha exitência. E neste último caso estou marcada, porque são pessoas que posso vir a conhecer e, quem sabe, contar a minha ainda curta história.
Mas atenção! Não sou uma história que será contada em meia hora. Não sou ninguém que se possas escrever. Sou uma pessoa que tem de ser estudada. Que nunca te dirá: Preciso de falar contigo, tenho um problema. Sou a pessoa que te dirá: Ontem tive um problema,mas consegui resolvê-lo. Isto, porque sei que tenho de enfrentar cada situação que se mete no meu caminho e resolvê-la.
Embora já não esteja sozinha, ainda não perdi o hábito se agir somente por mim mesma, ainda não sei trabalhar em grupo, partilhar ideias e dizer que preciso de ajuda. No entanto, sei procurá-la em silêncio, algures, muitas vezes, dentro de mim.
Conheço muita coisa. Oh... Como isto é verdade.
Conheço a pobreza, a fome, o cansaço, a tristeza, a depressão, a alegria, a felicidade, o amor, a amizade, a traição, o desespero, o desejo de morte, a perda, a pressão, a ansiedade, o tédio, o vazio, a desilusão, a ideia de que estou perdida, de que não perteço, a esperança de pertencer e até a certeza de que estou deslocada. Mais uma vez errada. Conheço a vergonha, a humilhação, o medo. Conheço muito mais, mas sei que vocês também conhecem, logo, não vale a pena escrever sobre isso. E, apesar de todas as coisas más, sei o que é sorrir, sem máscaras. Sorrir porque estou contente. 
Se bem que ainda sorrio pouco, contudo,  mais do que antes.
Não me peçam abraços! Não sou de braços, porque, durante muito tempo, não soube demonstrar bem os meus sentimentos e os abraços dizem muita coisa. Também não me perguntem se choro, porque o faço. Muito pouco. Somente quando expludo. Mas aí, é porque tenho demasiado peso em cima dos ombros e porque alguma coisa não está a correr bem. Todavia, a vossa frente, ou daqueles que conheço. não choro. Se chorar, quem é que os faz sorrir? Toda a gente tem de sorrir. Eu tenho quem me obrigue a fazê-lo, logo nessa área não tenho problemas.
Que mais vos posso dizer sobre mim?
Sou defensora daquilo em que acredito. Não volto com ideias atrás, não desdigo o que por mim já foi dito e não aceito que me coloquem palavras na boca. Sou honesta, demasiado até. Aquilo que não quero dizer, acaba por ser dito de qualquer forma. Do mesmo modo que falo, não tenho medo de ouvir. Já escutei palavras duras, simpáticas, de ódio... e estou viva.
Há quem não aguente, mas nesse ponto, o tempo ajuda, a vida também ensina.
Não sou romântica. Nem gosto de ler romances. São muito irreais. Têm todos os mesmos problemas, as personagens possuem sempre as mesmas personalidade e as lutas que têm com a vida são tão... vagas. Choram por amor. Está bem, é justo, mas e depois? Depois não há nada. Existe uma reviravolta... happy ending... Pois bem, minha gente, não existem finais felizes. Estes apenas acontecem nas histórias inacabadas. Ou melhor pensando... aconteciam na altura em que amar não era um verbo com o mesmo valor que foder. Aí, mesmo sabendo que alguém morreria, existiam finais felizes, porque aí o verbo amar era o mais alto de todos. Hoje, é dos mais baixos. Para quem gosta de pensa,r filosofar na poltrona e analisar as vidas dos outros, é triste entender isso. Pois eu vejo pessoas de grande idade juntas, a caminhar lado a lado. Muitas vezes, de mãos dadas e isso, por vezes, dá-me vontade de sorrir, porque é lindo de se ver. E quando vejo duas crianças juntas... quando vejo duas crianças a beijarem-se... rio-me. Não há nada mais lindo do que o amor não maltratado e inocente. E o facto de as ver tão puras é que me faz perguntar: Como é que podem não gostar de crianças? Também já o foram! Porque fazem birras? Porque são mimados? Porque querem tudo o que veem? Por favor, são crianças! Elas não têm culpa de serem quem são. Estão a ser criadas po outros, a surgir consoante o que lhes é ensinado. Tal como nós. Com o tempo, aprenderão a ser melhor. Compreenderão o que podem e não podem ter. Deem-lhes espaço. Elas crescerão. Mas aí desejarão que voltem a ser o que eram. Eu, por exemplo, adorava que os meus irmãos continuassem pequenos, aí, brincar com eles, tinha mais piada. Tomar conta deles, era... único. E acreditem, tenho saudades!
Que mais? Hum... (mordo o lábio enquanto penso...)
Os meus defeitos!
Sou muito fechada. Não gosto de desabafar, porque sinto que estou a fraquejar. Por isso é que gosto de passear e esvaziar a mente enquanto caminho.
Não sou boa a falar com estranhos. Não tenho jeito para puxar assunto, sou muito calada.
Sou muito centrada em mim. Estou sempre a dar exemplos da minha pessoa. Não sei se é por ser leonina ou se é mesmo de mim.
Sou impaciente. Não gosto de esperar. Principalmente quando sei que não há motivo para isso. Porém, como concluí depois de uma aula de Psicologia: Há de chegar uma altura em que  a espera será um mito e o verbo desta mesma palavra sumirá do dicionário.
Espero bem que assim não chega, porque o nosso mundo já caminha por caminhos feios.
Também sou um pouco insensível e descuidada. Desastrada e, por vezes, ainda insegura. Tenho receio que não gostem de mim, contudo, esse é um sentimento que sempre me acompanhou e do qual ainda não me livrei.
Consigo ser convencida, quando sei que faço alguma coisa bem. mas, em minha defesa, apenas o sou durante alguns momentos, o sentimento depois desaparece.
Tenho a mania que sou professora de Português. Tenho tendência a corrigir toda a gente, mas a única pessoa que se chateou comigo por causa disso foi o A., por isso, parei de o fazer com toda a gente. Se bem que, cada vez que oiço um erro, algo em mim morre aos poucos.
Sou mentirosa. Para mim mesma, atenção! Gosto de dizer que tudo vai ficar bem. Que as coisas más não vão acontecer, mesmo sabendo que vão acontecer.
Sou preguiçosa, se puder ficar quieta sem fazer nada, é o que faço, mesmo sabendo que há algo por fazer. O problema é que a minha consciência não me deixa ficar com as tarefas incompletas.
Acho que não tenho muitos mais. Fico-me por aqui.
O que gosto e o que não gosto pouco são importantes. E, por isso, é assim. Vou com o vento. Perco-me por onde me posso perder e corro, por onde ainda houver caminho. Vou constatando os meus medos e ultrapassando vergonhas. Sempre muito racional.
Por ser muito racional, é que não considero que tudo seja uma problema sem solução. Não... O meu maior drama não é o meu namorado, nem é a falsidade do meu vizinho. Nem o facto de me terem falado mal, ou de achar que não tenho amigos, ou que ninguém gosta de mim. Não! Isso já passou por mim há muito tempo. Há uns seis anos, um pouco o ano passado.
Para mim, problemas são aqueles que não têm mesmo solução. Os que nos afetam para lá do que é fisico e psicológico. Para mim, um problema, é saber que há quem se levante a não tenha o que comer.
Um problema é uma pessoa perder a casa porque perdeu o seu emprego, ou perder a guarda dos filhos, pois não tem como cuidar deles, embora os ame. Um problema que tive na minha vida, foi despertar e sentir que tinha perdido tudo o que era, que já não era dona de mim. Isso, foi um problema. Entre outros que me ensinaram a ser quem hoje sou.
Uma amiga minha, enquanto passeávamos por um centro comercial, disse-me: "Tu eras aos dezasseis, aquilo que eu hoje sou aos vinte. E isso é assustador."
Eu ri-me, mas é verdade. Não sou criança. Se sou, é muito pouco.
Quem é que, aos dezoito anos, adormece a pensar: Amanhã, quando chegar à casa, tenho de fazer o jantar, tenho de ter a certeza de que isto ou aquilo está feito, para que esta ou aquelas pessoas não tenham trabalho.
E isto é apenas um dos meus pensamentos!
Sou demasiado racional. A minha vida fez-me assim. Aos catorze anos pensava eu como os meus colegas de dezoito. Aos quinze já não me ria de tudo o que fazia. Aos dezasseis, dividia na perfeição aquilo que me competia e o que não me competia. As doidices que cometia eram sempre ponderadas e nunca pisava o risco. Nunca pisei o risco ao ponto de não poder voltar atrás numa decisão.
Isto é bom? É mau? Não sei. Um dia, quando for mais velha, decidirei sobre isso.
E é tudo. Talvez demasiado. Sei lá! Decidam vocês, se lerem este texto, que eu já terminei e nada vou acrescentar. Por isso, queridos leitores, aqui têm um bocado de mim.
Logo, quanto a quem sou... sou alguém que vai vivendo. Recusando a ideia de apenas existir. 

P.S.: Sem saber o que pensavam antes, o que é que acham de mim agora?

Nameless

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"Posso não concordar com uma só palavra tua, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lá."__ Voltaire