terça-feira, 2 de outubro de 2012

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Ela

Beijo-te. Porque gosto de te beijar. Agrada-me o sabor da tua boca e a textura dos teus lábios. Mas não gosto da cor dos teus olhos, são demasiado escuros, quase pretos. Demasiado comuns. Podiam ser como os meus, cinzentos, quase azuis. Sorrio com esta observação, contudo, se me observasses com mais cuidado, entenderias que este rasgo de lábios, contém em si uma pequena malícia, nada de mais. Juro.

Por alguma razão, não gosto de te ver alegre, significa que há mais alguém que te faz sorrir. Que não te contentas comigo.

Durante os dias em que estiveste fora, encontrei-me com outros. Aborreceram-me, porque pensava sempre no que é que andavas a fazer. Agora, estás aqui comigo e sorris. Como um tolo. Que nervos. Encerro o maxilar, até sentir um dente já partido a estalar. Relaxo o rosto e engulo a dor. Não me podes ver sofrer, seria a cereja no topo do bolo.

Pergunto pela tua felicidade. Respondes-me que te sentes como se tivesses acabado de ser pai. Franzo a testa. Algo se passa?

- Quem é ela? – Pergunto. Com calma, sem expressão de descontentamento na voz.

- É parecia contigo -, respondes. – Mas mais alta. Tens ciúmes?

Não, não tenho ciúmes, penso para comigo. Ela terá, seja qual for o motivo para estar contigo. Para te fazer feliz

- Ama-la? – Não me respondes. Sabes que não amas. – Amas?

- Não amo ninguém, apenas gosto de estar com a pessoa.

- Adoras estar comigo?

- É sempre bom estar contigo.

- É então suficiente.

Sorrio e volto a beijar-te. Mordo-te o lábio com leveza, sem sorrir. Faz-te sentir como se tivesses acabado se ser pai? Fazes-me sentir como se necessitasse de ter sangue nas mãos.



Boas Leituras, Nameless

2 comentários:

  1. Cheira-me a vinganças e a uma história emocionante, à qual eu anseio por ler a continuação.
    Boa escrita.
    Beijinhos!*

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  2. Olá Alyra!
    É bom saber que te agrada, espero conseguir terminá-la e deixá-la ao teu agrado. Para o próximo post espero avançar mais na história.

    Beijos, Nameless

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"Posso não concordar com uma só palavra tua, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lá."__ Voltaire