Olá!
Bem, este é um texto que já escrevi há imenso tempo e postei-o aqui. Agora, publico-o aqui, no blog.
Aviso desde já que tem uma linguagem que pode ser considerada inapropriada e, ptovavelmente, pode ser... não sei... chocante...
Sem Título
O vento fustiga-me a
cara marcada pelo tempo. Já vivi vários anos, casei-me duas vezes e
namorei com várias crianças. No entanto, nada disto me deixou saciado,
apenas mais curioso sobre o que o meu corpo poderia fazer e a minha
mente poderia suportar. Já havia recorrido a prostitutas, porém, estas
fingiam tanto a dor como o prazer, por outro lado, as adolescentes que
comigo se encontravam, não fingiam a dor e deleitavam-se com os orgasmos
e espasmos que lhes oferecia dia após dia. Todavia, era como um mostro,
necessitava de mais para me sentir alimentado. Tinha de sair daquele
lugar fechado em que tudo era consentido, tinha de chegar até esta
noite.
Pela estrada que percorri, deixei de ser um romântico, tornei-me fã da violência, da falta de consentimento e da adrenalina. Comprei uma arma, uma navalha e inscrevi-me num ginásio. Tornei-me num homem diferente do que era. Agora, graças a estas minhas mudanças, sigo-a entre os prédios mais discretos, sem ter sentir medo algum dos meus passos. Algures, o meu corpo anseia por ela, por tê-la, coagida, sobre a minha erecção antecipada. Não lhe conheço o rosto, nem o nome, nem nada, simplesmente sei que é uma rapariga, que caminha a noite. Ela desconhece as minhas intenções, nem sabe que a observo, quando souber, sentirá medo, a adrenalina percorrer-lhe-á o corpo e começará a tremer. Aí, apressarei o passo, fá-la-ei sentir a minha respiração, deixarei a minha marca, mais uma vez, num corpo qualquer. Embora nojento, para alguns, é um prazer para mim. Quem não marca alvos, não sabe o que quer, vagueia consoante o vento, não corre riscos. Depois de feito, não soa mal, tanto que o faço outra vez. No entanto, isso não de mim um profanador. Juro, perante qualquer júri, que as minhas palavras são verdadeiras. Não sou um violador, não. A roupa dela é que era demasiado justa, ela é que me provocou, ela é que decidiu caminhar sozinha a noite, por trilhos perigosos. Ela é que bebeu e fumou, não eu. De modo algum sou culpado, apenas me entretenho e ela assim o permite, ou não. Que raio de homem seria eu se me afastasse? Um verdadeiro macho é aquele que tem sexo sempre que pode. Não é assim? Então é o que faço. Rodeio-a, prendo-a, beijo-a. Ela luta e magoa-se. Tola. No entanto, amo-a, naquele momento, desse mesmo modo. Meio enervado, tento acalmá-la e digo-lhe: “Quanto mais lutas, mais te magoas.” Mas ela não me ouve, nem quer saber, por isso, volto a falar: “Isto não te vai magoar, relaxa.” Não para quieta. Tenta gritar, mas tapo-lhe a boca, ninguém que se atreva a interromper-me ou pagam os dois. Um com a morte outro com o estupro e algo melhor que me vier à mente. Enquanto os meus lábios percorrem-na e deleito-me com as minhas investidas, solto-a com e, com a mão que não lhe cobria a face, tiro a navalha, aponto-a ao seu rosto e tudo para. Ela, de repente, congela e chora como quem perdeu a luta mais importante da sua vida. Não entendo o porquê, se estou prestes a dar-lhe um dos melhores momentos da sua vida. Sexo, puro e duro. O fetiche de muitas mulheres: alguém que as pegue de modo firme, e faça uma “tranza gostosa”, como diz os nossos amigos brasileiros.
Agarro-lhe uma lágrima com a língua e espalho-a pelo seu rosto. Salgada, fria, medrosa. Agrada-me, adoro quando deploram, mostram que são mulheres: sentimentais, fracas, fáceis de ter.
- Diz que me amas – peço-lhe com ternura –, porque eu amo-te – afirmo, mesmo sabendo que ela não acredita em mim. – Fala! – Ela treme e esperneia, balbucia e, finalmente, entre um espaço deixado pelos meus dedos, diz que me ama. Pede que não lhe faça mal e que a deixe ir. Gostava, mas não posso. Ainda vou no início da minha noite. Logo, ignoro aquele pedido e tomo aquele corpo com as minhas mãos, a minha boca e o nariz, que a cheira e guarda.
- Vá lá – arquejo –, confessa: querias que isto fosse a bruta. Confessa, é assim que gostas.
Estou perto, quase lá, ela recua, mas eu não, pelo contrário, avanço, mais rápido, com mais força, menos cuidado. Estou perto do auge, mais um sucesso, capaz de me deixar de rastos, mas que valerá a pena. Que vale a pena! Ah… Sorrio de satisfação, afasto-a de mim, empurrando-a ainda mais contra a parede. Depois do serviço, dispenso ser tocado durante muito tempo por putas. Aperto as calças. Ajeito a camisa e o casaco. Olho para o lado, para os livros que ela levava nas mãos, estão abertos, são as únicas testemunhas do que se passou naquele beco. Viro o rosto para o outro lado, puxo o catarro do fundo das narinas, desce-me salgado e verde pela garganta e escarro-o para a parede. Aí, ele não escorre, permanece quieto, como ela. Fito-a com interesse. Estará a espera que me vá embora? Ela que se mova, eu já terminei, apenas basta-me dizer-lhe adeus. Para isso, agacho-me ao seu lado, ela repele-me e pede que não lhe faça mais mal. E pergunto-lhe então:
- O que é que eu te fiz? Digas o que disseres, ninguém acreditará em ti. Nunca serei um violador, tu é que me apareceste no caminho, não me impediste nem enfrentaste quando tirei a navalha do bolso. Paraste. A culpa é tua, só tua. Por isso, se disseres o que se passou a alguém, mato-te. Encontro-te e termino o que aqui comecei.
Passeio as mãos numa das suas mechas escuras, despenteadas e acaricio-lhe a face com ternura, a minha ternura.
- Este é o nosso segredo.
O relógio dá horas, tenho de me pôr a caminho de outro lugar qualquer. Sem mais interesse algum e com o amor momentâneo a dissipar-se, caminho erguido, como antes. Entrementes, muito provavelmente a caminho de casa, paro e olho para o lado. Já caminho há bastante tempo e o sol ainda não nasceu, contudo, perto de mim, caminha mais alguém. Os meus lábios vêem-se outra vez secos, molho-os com a minha língua e caminho em direção à figura. Mais uma, o dia, para mim, já vai avançado. Depois desta, não há dúvidas, vou para casa.
Pela estrada que percorri, deixei de ser um romântico, tornei-me fã da violência, da falta de consentimento e da adrenalina. Comprei uma arma, uma navalha e inscrevi-me num ginásio. Tornei-me num homem diferente do que era. Agora, graças a estas minhas mudanças, sigo-a entre os prédios mais discretos, sem ter sentir medo algum dos meus passos. Algures, o meu corpo anseia por ela, por tê-la, coagida, sobre a minha erecção antecipada. Não lhe conheço o rosto, nem o nome, nem nada, simplesmente sei que é uma rapariga, que caminha a noite. Ela desconhece as minhas intenções, nem sabe que a observo, quando souber, sentirá medo, a adrenalina percorrer-lhe-á o corpo e começará a tremer. Aí, apressarei o passo, fá-la-ei sentir a minha respiração, deixarei a minha marca, mais uma vez, num corpo qualquer. Embora nojento, para alguns, é um prazer para mim. Quem não marca alvos, não sabe o que quer, vagueia consoante o vento, não corre riscos. Depois de feito, não soa mal, tanto que o faço outra vez. No entanto, isso não de mim um profanador. Juro, perante qualquer júri, que as minhas palavras são verdadeiras. Não sou um violador, não. A roupa dela é que era demasiado justa, ela é que me provocou, ela é que decidiu caminhar sozinha a noite, por trilhos perigosos. Ela é que bebeu e fumou, não eu. De modo algum sou culpado, apenas me entretenho e ela assim o permite, ou não. Que raio de homem seria eu se me afastasse? Um verdadeiro macho é aquele que tem sexo sempre que pode. Não é assim? Então é o que faço. Rodeio-a, prendo-a, beijo-a. Ela luta e magoa-se. Tola. No entanto, amo-a, naquele momento, desse mesmo modo. Meio enervado, tento acalmá-la e digo-lhe: “Quanto mais lutas, mais te magoas.” Mas ela não me ouve, nem quer saber, por isso, volto a falar: “Isto não te vai magoar, relaxa.” Não para quieta. Tenta gritar, mas tapo-lhe a boca, ninguém que se atreva a interromper-me ou pagam os dois. Um com a morte outro com o estupro e algo melhor que me vier à mente. Enquanto os meus lábios percorrem-na e deleito-me com as minhas investidas, solto-a com e, com a mão que não lhe cobria a face, tiro a navalha, aponto-a ao seu rosto e tudo para. Ela, de repente, congela e chora como quem perdeu a luta mais importante da sua vida. Não entendo o porquê, se estou prestes a dar-lhe um dos melhores momentos da sua vida. Sexo, puro e duro. O fetiche de muitas mulheres: alguém que as pegue de modo firme, e faça uma “tranza gostosa”, como diz os nossos amigos brasileiros.
Agarro-lhe uma lágrima com a língua e espalho-a pelo seu rosto. Salgada, fria, medrosa. Agrada-me, adoro quando deploram, mostram que são mulheres: sentimentais, fracas, fáceis de ter.
- Diz que me amas – peço-lhe com ternura –, porque eu amo-te – afirmo, mesmo sabendo que ela não acredita em mim. – Fala! – Ela treme e esperneia, balbucia e, finalmente, entre um espaço deixado pelos meus dedos, diz que me ama. Pede que não lhe faça mal e que a deixe ir. Gostava, mas não posso. Ainda vou no início da minha noite. Logo, ignoro aquele pedido e tomo aquele corpo com as minhas mãos, a minha boca e o nariz, que a cheira e guarda.
- Vá lá – arquejo –, confessa: querias que isto fosse a bruta. Confessa, é assim que gostas.
Estou perto, quase lá, ela recua, mas eu não, pelo contrário, avanço, mais rápido, com mais força, menos cuidado. Estou perto do auge, mais um sucesso, capaz de me deixar de rastos, mas que valerá a pena. Que vale a pena! Ah… Sorrio de satisfação, afasto-a de mim, empurrando-a ainda mais contra a parede. Depois do serviço, dispenso ser tocado durante muito tempo por putas. Aperto as calças. Ajeito a camisa e o casaco. Olho para o lado, para os livros que ela levava nas mãos, estão abertos, são as únicas testemunhas do que se passou naquele beco. Viro o rosto para o outro lado, puxo o catarro do fundo das narinas, desce-me salgado e verde pela garganta e escarro-o para a parede. Aí, ele não escorre, permanece quieto, como ela. Fito-a com interesse. Estará a espera que me vá embora? Ela que se mova, eu já terminei, apenas basta-me dizer-lhe adeus. Para isso, agacho-me ao seu lado, ela repele-me e pede que não lhe faça mais mal. E pergunto-lhe então:
- O que é que eu te fiz? Digas o que disseres, ninguém acreditará em ti. Nunca serei um violador, tu é que me apareceste no caminho, não me impediste nem enfrentaste quando tirei a navalha do bolso. Paraste. A culpa é tua, só tua. Por isso, se disseres o que se passou a alguém, mato-te. Encontro-te e termino o que aqui comecei.
Passeio as mãos numa das suas mechas escuras, despenteadas e acaricio-lhe a face com ternura, a minha ternura.
- Este é o nosso segredo.
O relógio dá horas, tenho de me pôr a caminho de outro lugar qualquer. Sem mais interesse algum e com o amor momentâneo a dissipar-se, caminho erguido, como antes. Entrementes, muito provavelmente a caminho de casa, paro e olho para o lado. Já caminho há bastante tempo e o sol ainda não nasceu, contudo, perto de mim, caminha mais alguém. Os meus lábios vêem-se outra vez secos, molho-os com a minha língua e caminho em direção à figura. Mais uma, o dia, para mim, já vai avançado. Depois desta, não há dúvidas, vou para casa.
Um texto sem dúvida cru e que causa repulsa, mas que consegue estar bem escrito.
ResponderEliminarNo entanto acho que a parte inicial, em que tentas explicar de onde ele veio, é desnecessária já que mostras isso ao longo do restante texto, sem ser tão em formato 'info-dump'.
Estás a escrever segundo o acordo ortográfico? Faz-me sempre impressão ver "Para" em vez de "Pára". :)
É preciso ter coragem para escrever sobre um tema destes e especialmente na perspectiva do atacante. Estás de parabéns pelo arrojo.
Olá Ana!
EliminarEntendo-te quando dizes que a parte inicial é desnecessária. Tenho sempre tendência a escrever uma vez ou outra algo que é dispensável à uma história - tenho de ver se altero este ponto.
Sim, estou a escrever consoante o AO. No entanto, retiro apenas as consoantes mudas. Em relação aos acentos, a culpa não é minha, o word corrige automaticamente e eu, ao rever, entendo o que lá está escrito e tendo a não corrigir.
Quanto ao texto... Não sei. Recordei-me de uma notícia que estava na internet sobre o que é que os violadores disseram às suas vítimas e lembrei-me também de uma imagem, onde uma mulher segurava um cartaz que tinha escrito as diversas desculpas usadas por um criminoso deste género. Com isto (e por causa das séries televisivas que adoram explicar os motivos dos criminosos), escrevi este texto. Estranhamente, gostei do resultado. Obrigada!
Olá!
ResponderEliminarSimplesmente escreveste isto ou baseaste-te em alguma coisa? Desculpa, mas é que parece-me familiar. Sinto como se já o tivesse lido, há muito tempo, não sei...
Gostei. É diferente, não achei chocante, nem nada no género.
Beijos, Alyra*
Não me bassei em nada, inspirei-me numa notícia que li e numa imagem. Coloquei-me na mente de um violador, por assim dizer e redigi...
EliminarEnfim... Saiu-me isto.
É bom saber que gostaste.
Beijos!
Uau, gostei muito da escrita, parabéns, achei de um certo modo fascinante, visto que é raro sabermos o ponto de vista do "mau da fita"
ResponderEliminarBeijos
Obrigada Alinna.
ResponderEliminarÉ ótimo ser sempre uma nova opinião.
Beijos e obrigada pela visita!!
E desculpa-me responder-te tão tarde.