Ele
Há mais de dois dias que reconhecia algo estranho no teu rosto. A rispidez que dele saltava era tanta que não tardaria a mostrar as garras. Felizmente, sentia-me pronto. Pronto porque o sexo de uma gata quente é melhor do que o sexo com uma mãe de três filhos, meramente necessitada. Não penses também que não adivinhei cada expressão do teu rosto, conheço-te melhor do que ninguém. Leio a tua mente mesmo antes de pensares em mim. Isto, por saber que estou sempre lá.
Fitei novamente o telemóvel: Está feito. Só dizia isto, mas era mais do que suficiente.
Desci a rua que ficava depois do restaurante. Num passo acelerado, encaminhei-me para a praça de táxis e lá, apanhei um. Mostrei a morada ao motorista a partir do telemóvel e recostei-me no banco, tal como fiz na cadeira.
Para onde vou? Para o lugar onde as pessoas nascem. Quanto tempo levarei até voltar a ver-te? Não muito. Se sentirei saudades? Não, terei outra a ocupar o teu lugar. O que és para mim? Um corpo para aliviar a tensão e a tesão. Se já foste mais? Já, muito mais do que podia esperar. Contudo, nessa altura amava-te, porque cria que não me traías. Ao entender o contrário, tempos depois, compreendi também que deixar-te era uma opção demasiado simples. Eu precisava de mais, de fazer muito mais.
O carro parou, olhei pela janela; estava no lugar certo.
Paguei e saí.
É agora – pensei.
Cada passo dados, cada andar percorrido pelo elevador era um sentido de alegria. Tirei o casaco, aquecia-me o corpo em demasia e apertei-o severamente contra o corpo. O tlim que avisava que havia chegado ao andar pretendido, apanhou-me de surpresa, deixando-me mais atarantado do que já estava.
Ouvia, ao longe um choro, de alguma forma, sabia que era para mim. Era o meu chamamento.
Percorri um longo corredor e parei em frente a uma porta, abri-a, como abro a porta do teu quarto quando me esperas para dormir. Mas não com o mesmo coração acelerado. Ali, querida, ali tinha o que não me davas: um filho.
Atirei o casaco para o chão, sorri com os lábios bem largos e alcancei a mulher que via com passos largos. Beijei-lhe a face e senti-lhe o cheiro do cabelo. Toquei ainda na pele daquela nova vida… Ai! Tinha os meus olhos, o meu sexo e carregava a minha paixão de ser pai.
Sim, querida, naquele momento, a minha ideia de vingança estava mais do que completa.
Boas Leituras, Nameless
Hello!
ResponderEliminarGosto mais desta parte do que da anterior. Okay, ainda há muito pouco para poder dar uma opinião concreta, contudo parece-me que escrever de um modo diferente,cativante.
Beijos, Alyra*