Vi-te sentar ao meu
lado, a falar e a reclamar. Abriste uma revista e bufaste, barafustaste e
reclamaste por estar gorda. Levantaste-te do sofá, foste até a cozinha e
revirasre os olhos; o chá não tinha açúcar suficiente e estava demasiado quente
para ser bebido. Foi então a minha vez
de bufar. Olhaste para mim de lado e esticaste-me a chávena sem dizer palavra. Agarrei-a
e fui até a cozinha. Abri a pequena gaveta e tirei de lá um frasco amarelo, com
letras vermelhas. Temperei a tua bebida com aquele pó e levei-to. Com o mesmo
falso sorriso de sempre, entreguei-to e sentei-me ao teu lado, onde sorri, com
verdade.
Bebeste, tossiste e
contorceste-te. Olhaste para mim, agarraste a minha camisola e tombaste para o
lado.
Peguei no telefone,
chamei uma ambulância e saí de casa. Sorri então. Sabia que já estavas morta.
Sorte nº17, Nameless
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"Posso não concordar com uma só palavra tua, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lá."__ Voltaire