A mão passou calejada
sobre a cabeça. Ao princípio, sentia-a lisa, perfeita. Contudo, ao chegar à
nuca, parou. Os seus dedos tactearam, sentindo aquela saliência. A sua
respiração alterou-se. Esgaravatou a pele com as unhas. Pela pele escura, não se
notou qualquer resultado. Todavia, ele sentia-o.
Baixou a face, em sentido de vergonha e uma mistura de ódio,
ergueu a outra mão e cobriu os olhos que, pela primeira vez em muito tempo,
destrancaram as lágrimas que teimavam em não escorrer. Como chorara com os
olhos secos…
Olhou-se então ao espelho, sem coragem de entender o porquê.
Tinham-na levado. Ainda lhe via o semblante. Pequeno, redondo.
Olhos grandes. Ele ficou inconsciente e eles levaram-na. Era pequena, era a sua
filha. Amanda.
Sem comentários:
Enviar um comentário
"Posso não concordar com uma só palavra tua, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lá."__ Voltaire