segunda-feira, 1 de outubro de 2012

250# Ad Vindictam: Ela - 2#




Ela

Encaraste o telemóvel como um pirata adora uma virgem. Regalaste os olhos e puxaste os cantos da boca, o mais discretamente possível.

Pelo canto do olho, analisei cada expressão tua. Recostaste-te na cadeira, esquecendo-te da minha presença. Olvidando do restaurante onde tínhamos marcado, finalmente, um jantar. Ergueste a vista e sorriste, desta vez, para mim. Falsamente para mim.

Senti a minha cabeça a abanar, fiz um gesto com a mão e acabei por pousar apenas os cotovelos em cima da mesa, como se te dissesse vai!

Entendeste bem aquela mensagem, mas não melhor do que a primeira que recebeste. Ou as outras.

Mais uma mensagem!

Um toque de telemóvel e sais de cada a correr. Uma dupla vibração e deixas-me num restaurante. Um aviso de chamadas e aposto que me abandonarias à morte.

Arrastas a cadeira para trás, agarras no casaco e pedes-me desculpas enquanto corres para a saída.

Para onde vais? Com quem vais ter? Durante quanto tempo vais estar fora?

A raiva pulsa-me no coração, sabes? No entanto, o que não me consta no sangue, é o arrependimento. E, ao que parece, muito menos a ti. Contudo, respira, aproveita a noite, para mim chega e se não entendes isso, possuis um grande problema.
 Sorte nº17, Nameless

1 comentário:

"Posso não concordar com uma só palavra tua, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lá."__ Voltaire