segunda-feira, 30 de abril de 2012

138# - Escrever - 8#

“Não me contem que a lua brilha; mostrem-me o seu reflexo num 
vidro quebrado”.

Os cacos espalhados pouco iluminados sorriam para os céus negros despidos. Entrementes, uma palidez, oculta entre nuvens pesadas e cinzentas, tentava mostrar-se, invadindo um espaço há muito abandonado que, ainda agora, serve apenas para o consolo do pó, preguiçosamente adormecido. Os mesmos cacos, felizes por repousarem num silêncio quase morto, analisavam o que lhes era possível analisar e, enquanto investigavam o inanimado, um invejoso brilho acercou-se deles, obrigando-os a refletir o que um dia foram. Atravessando as janelas lascadas, abriu-lhe as feridas partidas, salientou-lhes as suas irregularidades e perdoou-lhes os defeitos. Aos poucos, a casa ia-se mostrando. Aquela luminosidade caminhava, pé ante pé, afastando-se dos farrapos selvagens que a impediam de se mostrar. De repente, parou sobre uma moldura prateada, coberta de incertezas e impurezas, como se possuí-se mãos, os detalhes mostraram-se, como se alguém lhes tivesse limpo as camadas de sujidade. Então surgiram sorrisos, saudades, memórias há muito perdidas por quem havia deixado aquele espaço. Entristecida, a redonda lividez afastou-se mais uma vez, consigo, procurou as nuvens escuras e escondeu. Ao mesmo tempo, um lugar incógnito voltou ao desconhecimento, como um pântano que todos evitam. Aos poucos, retornou à caixa de Pandora, fechada, para um possível retorno humano que se recordasse do último mal ali guardado: a esperança.

*

Okay, realmente tentei, porém, acho que não atingi o objetivo, contudo, não faz mal, pois  valeu a pena escrever o texto. 


Sorte nº17, NamelessGirl


Sem comentários:

Enviar um comentário

"Posso não concordar com uma só palavra tua, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lá."__ Voltaire