Os passos ecoavam pelo ar, não daquele beco cujo trilho
estava fechado havia anos, mas por outro lado qualquer, por onde ninguém
passava. As suas chaves tilintavam calmamente, embatendo nas paredes. Destas,
partículas de pó empoeiradas caiam ou flutuavam, sendo inaladas de seguida pelo
casal que caminhava. Ela direita, empinada, com la cigarette na mão dextra,
quieta, calada. O homem que lhe seguia, pontapeava o ar, puxava o catarro para
a garganta, que lhe descia salgado até a boca, ao fim de ser escarrado.
Com um gesto de mão, ela parou-o, olhou para baixo e sorriu,
ali estava, já aberta, a cova e, à vista de todos, ossos velhos e gastos. O
homem sorriu, agachou-se e agarrou num pequeno e de aparência frágil, serviria
de seu porta-chaves. Com essa ideia, voltou as costas à cova e caminhou em
direção ao nevoeiro, onde desapareceria, antes que o sol se levantas.
Sorte nº17, Nameless
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"Posso não concordar com uma só palavra tua, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lá."__ Voltaire