domingo, 2 de setembro de 2012

201# O meu mundo literário


 
Eu e eu... Eu e a folha em branco...
Minha gente, vamos escrever. Olhar para um cursor que nada mais faz do que um truque de magia de surgir e desaparecer. Ou para as linhas de uma folha solta ou de um caderno encontrado no fundo do baú ou comprado no supermercado mais próximo, com o propósito de ser preenchido com o próximo bestseller.
Para aqueles que estão atentos ao mundo literário, coisa que não me tem fugido da vista, podemos entender que mais de meio mundo escreve e que, metade deste meio mundo, é editado. Metade da outra metade espera por ser editado e a metade restante, deseja, mas nem tenta ser editado. Depois, a outra metade do mundo, ou espera que saia um livro, para que o possa ler, ou então, deseja que cada um faça o seu trabalho, desde que não receba uma obra numa época festiva.
Assim é. Pura verdade, eu é que me esqueço de pensar nisso todos os dias. Pessoas, é certo: hoje em dia, escrever, é banal. Simples, aborrecido e banal.
Antes do surto vampiresco, angélico e demoníaco (interrogo-me se o segundo assim é citado), ainda se falava da necessidade de talento, trabalho, empenho. Agora... Por favor... Cadê? Cadê o talento? E o trabalho? E a certeza do empenho? Minha gente, deixem-me dizer-vos: sumiram! Ou então andam desaparecidos, escondidos, na sombra do que mais se vende. Ou ainda, nem viram a luz do mundo editorial.
Escusado será dizer que o que é de qualidade para mim, não serve para os outros e vice-versa. Como Crepúsculo. Odeio Crepúsculo. É uma história sem grande conteúdo. Um amor mais instantâneo que aquela maldita sopa comprada em último recurso, naqueles dias em que a fome aperta. Onde a ideia do amor impossível é bastante possível. Onde o terceiro membro para o triângulo amoroso entende que, afinal, não deveria desejar a mãe, mas sim a sua filha, uma criança.
Esta obra levou-me quatro dias penosos e as seguintes não foram melhores.
Embora os seres sobrenaturais já fossem conhecidos antes dos grandes fenómenos, entendo cada vez mais que os novos autores não vão mais longe do que aquilo que é atualmente publicado. Devo estar inscrita em três fóruns e uns quantos sites e grupos de literatura e escrita. E, cada história lida, soa como o desejo do que gostava de acontecesse no livro M ou H. Isto deixa-me louca. A sério. Adorava ler um livro recém-publicado e não adivinhar o meio e o fim através da sinopse ou do maldito início que é representado pela chegada ou a saída de alguém de um determinado lugar.
No Facebook, faço parte de um grupo literário, onde vários escritores e leitores falam entre si, discutem obras e fazem publicidade de outras. Aí, conheci um par de autores não publicados, fãs do fantástico. Contudo, aquela que me chama mais a atenção, é a que tem três livros escritos. Um publicado pela Corpos Editora, outro por conta própria e ainda um que ainda não viu a luz do dia. Este último, depois de pensar e repensar sobre o seu conteúdo, pareceu-me uma ideia refeita de Hush Hush com Twilight e outros livros do mesmo género. A paixão obsessiva, o rapaz misterioso, o triângulo amoroso, incidentes e perigos – que não são tão perigosos. E, para dar um ar dramático, a coragem de morrer por aquele ser não humano e provavelmente morto que mal conhece – ao que parece, os adolescentes morrem por alguém que, primeiramente, os despreza e só depois os “ama”. Isto tudo em duas semanas.
É minha gente, com tanta inspiração e qualidade em nosso redor, para quê demorar mais do que um ano a escrever uma obra? Afinal, já ninguém quer embrenhar-se num livro e parecer que não está no mundo real, queremos saber como quem é que a personagem principal vai escolher no final: o primeiro amor, super lindo, querido e sexy, ou o segundo, super lindo, fofinho e ainda mais sexy. (Pois… amo o meu cinismo.)
Para quem não sabe, pois nunca disse, desejo trabalhar no mundo editorial. Logo, daqui a uns anos, poderei ter em mãos o vosso manuscrito. Escritores, oiçam-me, ou melhor, leiam-me: O mundo literário, pelos comentários dos editores e a opinião pública, resume-se, muitas vezes, em conquistar fãs, através de uma obra que nos leve além do imaginável. Escrever bem, já é um ponto positivo, ser original, é um dos pontos cruciais. E sim, desta vez peço novos Dan Browns, novos Saramagos (neste campo tenho de desejar boa sorte), novas Alices Vieiras, com capacidades de conquistar o público mais novo, e, se assim quiserem, novos Rowlings e Tolkiens. Podia deixar-vos aqui uma grande lista de escritores que prezo. Tanto nacionais como estrangeiros – algo que posso fazer noutro post, se assim tiver paciência.
Todos os dias leio e critico. Se não é no blog, é para mim mesma, se não é para mim mesma, é para um fórum, se não é para um fórum, é para um escritor que pediu uma opinião e assim sucessivamente até não ter nada a dizer. – Mentira, porque, se um dia ficar sem palavras, significará que morri. E mesmo assim terei as minhas dúvidas. – Como leitora, exijo suor, desespero e lágrimas da vossa parte, escritores. Quero ver-vos a alargar os malditos horizontes que não se alcançam, para quem não sabe isso. Exijo um livro que me faça chorar e não me venham com Nicholas Sparks que eu escrevo um testamento sobre a bipolaridade que sinto sobre este escritor.
Terminando, leitores/escritores, não acompanhem somente as massas. Há muito mais para ler e redigir. Vampiros simpáticos e em transformação e fantasmas com problemas de identidade não são exatamente o que faltava na nossa vida literária. Não a tempo inteiro.

 Sorte nº17, Nameless

Sem comentários:

Enviar um comentário

"Posso não concordar com uma só palavra tua, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lá."__ Voltaire