Não, obrigada, mas prefiro um casaco, aquece mais e aposto que sabe melhor. Também me cobre de fragâncias, talvez a mesma que a do teu cigarro, só que, assim, não me sabe tão mal, não é tão forte. Também dispenso o teu fumo, embora adore as ondulações que cria no ar, escapando da minha visão, para fora do meu campo de vivência. Se ao menos esse assassino de prazer momentâneo não levasse a um fim tão azedo quanto aos que conheço e já vi crescer... se ao menos... mas leva! e eu não quero a mesma solidão que te acompanha quando enches o teu peito de veneno, que se espalha e gera uma estranha calmia que te faz pedir por mais.
Acho que ainda não compreendeste, mas não te quero ver morrer, nem quero provar do mesmo erro que tu. Nunca o fiz, não é agora que o vou fazer. Já tu, nunca paraste e deverias estagnar esse vício, deixá-lo morrer enquanto é hora, enquanto podes, enquanto vives. Por isso, por favor, agarra num casaco, aconchega-te nele e deixa-te levar pelos cheiros que nele se prenderam e não pelos que nele podes colocar. Se vires fios de fumo, segue-os com o olhar, não os cuspas para o lado, para que se varram de ti, deixando um pouco de si. E, desse modo, afasta-te, olha para tudo de longe e segue o teu caminho, verás então que até pareces ser uma pessoa melhor.
Com amor,
Valµntina
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"Posso não concordar com uma só palavra tua, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lá."__ Voltaire