Fui deixado sozinho, às voltas, confuso, desorientado. Nem sentia fome nem frio. Não sabia o que era o medo, mas conhecia os calafrios que me percorriam o corpo, pela espinha abaixo.
As ruas estavam desertas. Seria de madrugada? Talvez fosse, não me recordo de ver o sol e os postes eletricos estavam em funcionamento. Sim... era de madrugada e eu vagueava de um lado para o outro. Procurava por qualquer coisa, alguém que me dissesse algo simpático. So queria uma palavra amiga antes de sentir tudo terminar. Não encontrei ninguém, então segui caminho. Finalmente, ao fundo, vi alguém. Guiava um camião e parecia ouvir música, pois mexia os braços com brutidão a ritmos estranhos. Devido ao semáforo que estava perto de mim, abrandou, mas não parou. Esperava que o semáforo ficasse verde para que pudesse acelerar. Fitei os céus. Estavam cobertos de nuvens e não pude ver as estrelas. Afinal sempre gostei de olhar para elas e dar-lhes nomes. Perdia-me sempre a meio e desculpava-me a mim mesmo dizendo que já não sabia o que lhes chamar.
Olhei mais uma vez em redor. Ainda tinha aquela ponta de esperança em mim, todavia, sabia bem que se as ruas estavamdesertas, por algum motivo era. No entanto, aquele motivo não era justo.
Nomeu bolso esquerdo, senti o meu telemóvel vibrar, tirei-o e remexi-o entre os dedos feridos, que mal dobravam. Simone. Li o seu nome movendo os meus lábios e senti vontade de chorar. Estava mesmo sozinho. Estava sozinho e sabia que ninguém me ia amparar. Como forma de consolo, sorri para aquele ecrã iluminado e, por instantes, encontrei o meu sorriso. Desliguei a chamada, esperei que o semáforo mudasse de cor e segui. Dei um passo e arrisquei, mesmo sabendo que não podia voltar atrás.
Nameless
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"Posso não concordar com uma só palavra tua, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lá."__ Voltaire