Hoje não tenho pressa. Quero apenas sentar-me e observar o dia correr, enquanto a música electrónica toca bem alto na rádio. Sim, alto, pois músicas de baixo tom bastam-me quando tento dormir. Hoje quero-me bem desperto.
É assim mesmo: hoje não tenho pressa.
Quero que me observem, que me consumam com a vista e desejem por meros segundos. Podem até desejar por mais, porém, podem ter a certeza quando digo que nunca pertencerei a ninguém.
Sem pressas minha gente, só as horas é que correm. Eu não corro, só espero. Deixo que a paciência escorra sem se esgotar, que siga uma linha de pensamento interminável e que se confunda com o cansaço, para que a alguma altura pare e recupere o fôlego. É-lhe merecido.
Hoje tirei o dia para ver toda a gente a correr, a gritar, a olhar para o relógio e a torcer o nariz àqueles que não se apressam. É inveja, penso eu de momento. É inveja por não poderem parar. E seguem. Nem se apercebem que os observo. Se o fazem, não ligam. As pessoas não querem saber de quem as vê, afinal, isso não dá dinheiro a ninguém. E, por isso, olho para cima, para os lados, para baixo e novamente para a frente. Hoje não tenho pressa. Vou deixar que o sol caia e que a lua se levante, trazendo a madrugada. E que esta seja fria! Tenho cobertor.
Ah... Hoje não tenho pressa. Não sei se é ou não o meu último dia na terra, todavia, sei que não vou arriscar, que não vou magoar o coração e que me vou deixar estar. Afinal, devo repetir para que entendam: hoje não tenho pressa, nem quero saber do que se passa. Que cada doido corra no seu lugar. Eu espero. Voe o tempo como voar, eu espero, não tenho pressa.
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"Posso não concordar com uma só palavra tua, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lá."__ Voltaire