Mascar uma pastilha elástica de menta.
Quando começo a escrever, nunca penso no início, somente no meio. Ignoro, o máximo possível o final e crio, crio e continuo a criar momentos atrás de momentos, que poderão fazer-me rir. O que é que isto tem a ver com uma pastilha elástica de menta? Pois bem, menta é o único sabor que gosto numa pastilha, pois é picante ao início, sabe bem ao fim de algum tempo e, quando me farto, é porque já não tem sabor. O que quero dizer com isto tudo? É simples. Ao iniciar uma jornada narrativa, sinto-me entusiasmada: faço pesquisas, procuro nomes, decido o tema e as personagens. Enfim, escrevo apenas o que quero e gosto. Ou seja, apenas como pastilhas de menta. No meio do meu trabalho, ou mesmo no seu quarto capítulo, tudo me sabe bem, corto no que não interessa, odeio quem quero odiar e crio o que melhor me convém, está tudo limpo, a pastilha ainda sabe a menta, já não pica a língua como antes, mas continua boa. No final, ao ver que estou a terminar, a pastilha perde o sabor, as personagens estão prontas a morrer para dar lugar a outras. Aí, masco menos, saboreio mais, paro para pensar e só depois avanço para o final. Nesse ponto, releio mais uma vez o meu trabalho, guardo as alterações e fecho. Aos poucos, apercebo-me que a pastilha já não tem sabor - está na hora de ir para o lixo. Isto é, de guardar o trabalho e tirar uma nova pastilha para mascar, porque a mente não pára, a imaginação sempre cria e as mãos pedem para ser usadas em nome das letras.
Sorte nº17, NamelessGirl
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"Posso não concordar com uma só palavra tua, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lá."__ Voltaire